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Diário da minha gravidez, com tudo a que tenho direito!
Estou naquela fase em que já não consigo ouvir mais as pessoas, incrédulas, a dizerem "Então, ainda não nasceu?". Para uma mamã super ansiosa de conhecer a sua bebé ouvir isto constantemente é uma pressão que nem imaginam! E eu, o que posso dizer, além do habitual "Está quase?". Enquanto a Clara não quer nascer, vou-me refrescando na praia ou na piscina.
Chego aquela fase em que a Clara pode nascer a qualquer momento, então estou sempre a pensar que este talvez seja o último banho relaxada, que esta pode ser a última refeição em paz, que este pode ser o último dia de praia... Isto porque está tudo nas mãos dela, ela é que decide (e assim é que tem de ser). Amanhã é dia de consulta no hospital, com 39 semanas e 3 dias (o mesmo tempo com que a irmã nasceu). Vamos lá ver...
Prestes a explodir!
Clara, já podes vir! Estamos todos ansiosos à tua espera 😊
Parece que foi ontem, mas a Diana já está neste mundo há 2 meses. Mas há uma coisa que ainda não partilhei com vocês, o dia em que ela nasceu.
No domingo, dia 29 de novembro, comecei com pequenas contrações no final do almoço, mas ainda assim fomos até ao centro da cidade tomar um cafezinho e dar uma volta. Andava meia dúzia de metros e tinha de parar por causa das dores. Durante a tarde ainda vimos o filme do Cristiano Ronaldo, com muitas interrupções por causa das contrações. Jantámos e aí as contrações já vinham de 7 em 7 minutos. Decidimos então que era hora de ir ao hospital, mas antes ainda tomei um banho.
Chegados ao hospital e depois do "toque", a dilatação era a mesma da semana anterior, 2 cm. Depois de muito ponderarem, a médica resolveu internar-me. Assim foi, vesti a bata e dirigi-me para o meu quarto. Era a única grávida. Durante a noite as contrações não me deixaram pregar olho, de 5 em 5 minutos tinha dores fortes. Mas, para não incomodar as enfermeiras, não chamei ninguém para me aliviar as dores. Se fosse agora tinha carregado na campainha as vezes que fossem precisas!
Às 8h30, quando o meu marido chegou, eu estava lavada em lágrimas tal eram as dores, o cansaço e o sono... Não aguentava mais! Deram-me ocitocina (a hormona que acelera o parto) e a bendita epidural. Consegui ficar sem dores cerca de meia hora.
A dilatação começou a ser mais rápida e às 10h30 já tinha 7cm de dilatação. E como estava tudo a ser muito rápido, a epidural deixou de fazer efeito, nem com 3 mais 3 doses! O anestesista não me queria dar mais epidural, pois tinha medo que eu deixasse de sentir as pernas, mas as dores continuavam!
Às 11h30, já a dilatação era de 8cm! Estava quase! Mas a epidural não havia meio de fazer efeito, estava cheia de dores, era insuportável!
Às 12h20 estava com 9cm de dilatação e levaram-me para o bloco de partos. De cada vez que vinha uma contração tinha de fazer força, mas as energias já eram poucas. Lembro-me de ouvir a enfermeira a dizer "Não é o pai que tem de fazer força mas sim a mãe!". Por dentro só me ria, só de imaginar a cara do pai, heheh.
De repente gritei alto, bem alto, quando me fizeram o corte para facilitar o parto e evitar rasgões. Estava a sentir tudo, era horrível!
A enfermeira puxava por mim e queria evitar a todo o custo que o médico entrasse na sala de partos visto ele ter ar de poucos amigos e ser um pouco brusco. O certo é que às 12h40 ele entrou e ouviu muitos dos meus gritos e desabafos. Sim, naquela altura eu só berrava e dizia coisas do género "Não quero mais filhos" e "Eu não aguento mais, quero desistir". Acho que deve ser habitual...
De repente sinto uma pressão muito grande no cimo da minha barriga. Era ele a carregar na minha barriga para que a Diana saísse mais rápido. Aí gritei ainda mais para que ele parasse com aquilo, era sufocante! Mas o certo é que passado uns breves minutos ouvi o choro mais emotivo de toda a minha vida, o da minha filha! Ao sentir uma coisa quente a sair-me do meio das pernas percebi que ela estava cá fora, mas depois aquele choro confirmou tudo. Puseram-na em cima da minha barriga e aí ela acalmou, parece que se fez magia. E eu fiquei ali a olhar para ela. Era cabeluda, muito cabeluda. Dei-lhe um beijo na cabecinha para ter a certeza que ela era minha.
Mas se pensam que os meus gritos acabaram ali estão muito enganados. Não queria fazer mais barulho por causa da Diana, mas não consegui. Como a epidural não havia meio de fazer efeito, senti as dores de tirarem a plancenta de dentro de mim e senti também cada ponto na zona do corte. Gritei, gritei muito!
Depois da Diana vestida e de eu estar cosida, fomos para o quarto, onde ela mamou pela primeira vez. Outro momento mágico, parecia que ela já sabia exatamente como se fazia. Se na barriga estávamos ligadas pela placenta, agora eram as minhas maminhas que a alimentavam.
Fomos levadas, juntinhas, para o quarto na área da obstetrícia. Aí comecei a sentir enjoos, vontade de vomitar e desmaiar. Deram-me uns comprimidos para passar este mal estar, ela ficou no colinho do pai e eu aproveitei para dormir um bocadinho, coisa que já não fazia há mais de 24 horas! Dormi uma horinha apenas, mas deu para recuperar muitas energias.
Não podia deixar de dizer que o pai também foi um valente, aguentou todos os meus gritos, medos e ainda me deu muito apoio, nunca saiu da minha beira. Sempre que era preciso fazer força ele enchia-me de beijinhos, agarrava-me a mão e só dizia coisas bonitas. Sim, os papás também têm de estar preparados física e psicologicamente para horas muito desgastantes.
Desculpem o testamento, mas um dia tão especial não dá para ser resumido...
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